BREVE EXPLICAÇÃO SOBRE PLANTADOS
Para se fazer um plantado necessitamos de:
1-aquário
2- material de fundo
3- água
4- iluminação
5- plantas
6- fauna
7- outros acessórios opcionais
E abaixo discutimos cada item separadamente
1-AQUÁRIO
Existem no mercado vários tamanhos disponíveis de aquários, e geralmente alguns aquaristas pensam logo em montar algo grande, mas existem certas limitações técnicas que se seguidas desde a escolha do aquário já evitariam problemas de adequação.
Se a intenção for utilizar lâmpadas tubulares ou compactas normais, e formar carpetes de plantas baixas, a altura ideal seria de no máximo 50 cm , embora a medida ideal seria em torno dos 45 cm de altura de coluna de água, porque essa é a profundidade que a iluminação normal consegue atingir, porque a coluna de água funciona como um filtro que quanto mais profundo menos energia luminosa chega até as plantas, e com isso a planta para poder absorver mais os raios luminosos acaba aumentando os espaços entre os nós da planta, deixando-as de aspecto ralo e o crescimento fica espigado ao invés de formar um carpete rasteiro e compacto.
Mais alto que isso, teríamos que utilizar as lâmpadas tipo HQI que tem maior penetração (mais caras), ou usar plantas de porte maior na montagem dos carpetes (tipo sagittarias, echinodorus anãs, etc) para compensar a grande profundidade.
2- MATERIAL DE FUNDO
A titulo de explicação vamos definir a nomenclatura usada para cada material, pois é comum existir uma certa confusão quando os iniciantes tentam se expressar em conversas.
Material inerte- é o material utilizado no fundo e como não tem praticamente nada de nutriente por em geral ser um material inócuo ou seja não deve interferir nem na água e nem fornecer nutrientes. A cor deste material vai depender do contraste pretendido
na montagem, principalmente nas áreas que vão ficar desnudas de plantas. Serve para a fixação das raízes das plantas
É nesta camada que vão se estabelecer as bactérias nitrificantes.
Existem várias possibilidades de material que podem compor esta camada:
a)Areia fina - é uma areia bem fininha, mas deve ser usada apenas em áreas em que não se pretende plantar, e não muito extensas, porque pelo pequeno diâmetro acabam com o tempo ficando muito compactadas, dificultando a entrada ou progressão das raízes e outro problema que pode aparecer depois se usadas em partes com nível mais baixo é que acabarão tendo muito acumulo de resíduos, pela impossibilidade destes penetrarem nos interstício dos grãos.
b)Areia grossa - é a areia de construção, usada para fazer massas de cimento. Tem os mesmos inconvenientes da anterior.
c)Cascalho - tem a granulometria maior que 2 mm e até 5 mm e favorece a entrada dos resíduos, e evita assim que se tenha que sifonar e esses resíduos acabam servindo de alimento para as bactérias, que os convertem em outros produtos menos tóxicos e de mais fácil assimilação pelas plantas.As vezes, se utiliza o termo "areia peneirada" como sinomimo de cascalho fino e ele é resultante dos residuos que sobram ao se peneirar a areia grossa de construção, ou seja a parte mais grossa = pedrinhas.
Quanto a forma dos grãos é sempre preferível os de aspecto mais irregular, porque deixam maiores espaços entre si, favorecendo a penetração dos resíduos e das raízes.
Material rico em nutrientes - essa porção que vai colocada abaixo do material inerte, é geralmente rica em nutrientes para as plantas. E existem varias opções:
a) Substrato pronto (geralmente importado) é um produto que tem todos os nutrientes de que a planta necessita para o crescimento, mas a formulação varia de acordo com cada fornecedor.
Alguns vem na forma úmida, outros vem secos, como o SUNSHINE que produzimos, mas todos via de regra dispensam a adição da laterita, porque já contem ferro.
b) Húmus de minhoca tratado é o húmus que é submetido a um processamento que consiste em fervura, e uma serie de lavagens para retirar a maior parte da matéria orgânica. Mas por não ter ferro necessita da adição de laterita complementar.
c) outros materiais -existe ainda a possibilidade de se utilizar terras ricas, terras vegetais, argila, e muitos outros mas pela falta de padronização e multiplicidade de problemas que podem ocorrer com estes materiais não vamos nos ater a eles
3 - ÁGUA
Este item também merece algumas explicações, porque são motivo de dúvida constante.
Tenho notado, que a maioria das pessoas procuram utilizar água de mina ou poços artesianos, para evitar utilizar água tratada com produtos químicos, ou para evitar o aparecimento de algas, mas há um detalhe de que esse tipo de água por sair direto do solo sem um contato prévio com a atmosfera, e se provenientes de solos que tenham riqueza em algumas substancias podem estar carregadas delas em uma forma e assim que expostas a ação da atmosfera, reajam produzindo outras que mudam muito rapidamente a sua constituição.
Exemplo disso é a minha região, onde a água tem alta reserva alcalina, mas a despeito disso sai com um pH bastante acido do solo, mas depois de expostas ao ar, seu pH rapidamente em questão de pouco tempo sobe para patamares extremamente alcalinos, e essa mudança rápida acaba matando peixes e até plantas. Para quem utiliza este tipo de água é muito importante deixá-la em descanso por alguns dias(5 a 10 dias) antes de ser utilizada, para que a reação se complete e a água volte a uma estabilidade.
As vezes a água da torneira, que já é estabilizada no tratamento, (desde que inativemos o cloro presente) pode até ser usada sem a necessidade de um descanso prévio.
Portanto o melhor sempre antes de optar por essa ou aquela fonte de água tentar perguntar a pessoas com mais experiência na região, ou agir com cautela, para evitar possíveis sacrifícios dos habitantes de nossos aquários.
E antes de optar pelos peixes devemos estabelecer no estudo do futuro aquário qual o pH que pretendemos manter, porque para 99% das plantas o pH não é limitante, pois crescem bem em alcalinidade ou acidez, mas os peixes sofrem mais em pH inadequado. O uso do CO2, por exemplo, teoricamente acidifica a água se usado em doses grandes, mas pode ser usado em doses menores e deixar um pH ainda alcalino...embora isso varie com a composição da água utilizada.
4- ILUMINAÇÃO
A planta para crescer precisa de luz. Algumas são mais exigentes que outras, mas todos precisam dela para realizar a fotossíntese.
É comum pessoas que me procuram alegarem que as plantas do aquário acabam melando e apodrecendo, mas quando perguntadas sobre a iluminação, ouço a resposta ..."mas precisa?"
Plantas são seres vivos que tem a capacidade de transformar substancias inorgânicas em orgânicas usando como energia a LUZ. Por isso elas foram tão importante para o aparecimento e desenvolvimento das outras espécies que se utilizaram das plantas como fonte de nutrientes.
Não vou entrar na polemica de quantos watts/l ou quantos lumens são necessários mas tenha como conceito que luz nunca é demais, e acredito que se alguém utilizar de algum critério econômico para dosar a iluminação de seu aquário ele não está ainda pronto a entrar neste mundo fascinante dos plantados.
Alguns dizem que luz demais, ou de menos, causam o aparecimento de algas....errado...o que pode ocasionar isso são variações bruscas em qualquer parâmetro...por ex.uma troca de uma lâmpada cansada e fraca por outra nova e logicamente mais potente. A propria planta nos mostra quando a iluminação está deficiente, pois ela se mostra espigada e com espaços entre os nós do caule aumentados em comprimento....por outro lado se a iluminação estiver correta esses espaços ficam bem reduzidos e a planta tem uma aspecto compacto.
5- PLANTAS
Existe uma enorme variedade delas, e 99% delas são muito pouco exigentes em situações rígidas de manutenção, e destas uma boa parte nem é exigente em nutrientes podendo tranquilamente se desenvolver utilizando apenas poucas doses desses nutrientes que encontra na própria água, e algumas se desenvolvem sem ao menos precisar utilizar de raízes nesta tarefa, pois utilizam a absorção foliar.
Cabe a quem vai executar a montagem optar por plantas que aceitem as condições que vão ser usadas. Aqui recomendo a leitura deste tópico PLANTAS SEM SUBSTRATO onde citamos as plantas menos exigentes.As plantas cultivadas pela SUNSHINE são todas compatíveis aos diferentes valores de pH, com raríssimas excessões de algumas que não gostam de pH acido.
6- FAUNA
É o termo usado para a porção que abrange os vertebrados (peixes e crustáceos) e os invertebrados (caracóis, e outros organismos que não são vistos a olho nu, mas que ajudam tanto na alimentação quanto na biologia do sistema (zooplancton))
Precisamos antes de escolher que tipo de peixes vamos colocar, definir como serão mantidos os parâmetros da água ou seja usar peixes adequados ao pH, dH, temperatura, etc, que pretendemos deixar futuramente no aquário.
Eu, prefiro manter um pH mais alcalino em meus aquários, porque posso utilizar peixes de tendência algueira, como platys, espadas, molinésias, e invertebrados como os caracóis, que ajudam em muito a manutenção da limpeza de todos cantinhos do aquário me poupando o trabalho de limpeza.
Nestes aquários por não haver uso de CO2 as plantas crescem mais devagar, mas em compensação diminuem as atividades de jardinagem.
Os caracóis fazem uma faxina criteriosa de tudo, e até o cascalho fica rigorosamente limpo, e pelo cascalho ser de granulometria maior os resíduos acabam entrando pelos espaços entre as pedrinhas e ali as bactérias os transformam em novas substancias aproveitáveis como nutrientes pelas plantas e menos tóxicas que eram originalmente para os peixes ou invertebrados. Se agirmos sempre de modo gradativo em nossas ações com um aquário o sistema todo encontra o equilibrio com bastante rapidez, ou seja, em outras palavras devemos sempre fazer introduções ou mudanças no conjunto de maneira gradual, porque mudanças bruscas podem afetar o equilibrio do sistema todo e gerar problemas.
Por anos venho testando um sistema que se mantenha sozinho, sem o auxilio de bombas, filtros, TPAs, sifonagens, ou adubações extras por meio de produtos comerciais, ou seja é um sistema onde se evita retirar ao máximo quaisquer detrito, folha morta, (excessão feita a morte de algum peixe principalmente se for de porte maior, pois o sistema talvez não conseguisse processar tamanha quantidade de materia organica, antes que ela interferisse em todo ambiente), pois todos residuos acabariam servindo de nutriente para os prorpios habitante do aquario..para saber mais leia Aquarios autociclantes SUNSHINE
7- OUTROS ACESSÓRIOS OPCIONAIS
Podemos usar como opcionais outros acessórios como:
a) bombas
b) filtros
c) CO2
d) difusores de CO2
e) squimers
Mas não são materiais necessários e podem ser perfeitamente dispensáveis, pois o aquário se desenvolve muito bem sem eles, gerando uma grande economia na montagem, e acredito que por este fato proporcionar mais chance de que novatos possam tentar um inicio sem muito investimento... e para ter uma idéia de como é possível leia Aquario autociclante
Só gostaríamos de lembrar que usando um sistema de filtragem(se tiver a parte que filtra residuos) fatalmente estaríamos retirando sempre material existente no meio, e isso mesmo que ocorra aos poucos na somatória representa uma perda de substancias que poderiam ser recicladas, e reutilizadas, e que se excluídas mais cedo ou mais tarde terão que ser recolocadas sob a forma de produtos industrializados, que em geral custam caro, mas o maior perigo é que quando adicionados podem mudar completamente a biologia do aquário, e daí surgirem problemas como morte das bactérias ou mesmo o aparecimento de algas.Já um sistema de filtragem que não retenha os residuos e que apenas propicie o desenvolvimento de bacterias aerobicas pode ser de grande utilidade.A filtragem que contem cerâmicas ou materiais porosos pode ajudar a manter a água equilibrada por propiciar ambiente para a bactérias aeróbicas, que são também bastante benéficas no equilibrio biológico.
Em nossas pesquisas iniciais apesar de não usarmos filtragem, mantivemos as bombas pensando que seriam necessárias para a movimentação e uniformização da água, mas num passo seguinte as retiramos também nas montagens posteriores e nada mudou no andamento do equilíbrio, ou seja o sistema funcionou perfeitamente bem, e continua após mais de 4 anos de vida dos aquários mais antigos sem adição de nada, sem sifonagens, sem filtros, sem bombas, sem CO2 e sem TPAs.Veja aqui
Aproveitando o assunto gostaria de falar sobre o uso do CO2.
Este gás (carbônico) tem como função fornecer o elemento carbono para que as plantas o utilizem na síntese da glicose durante a fotossíntese. Mas normalmente num aquário plantado de forma não exagerada, e usando plantas que não sejam ávidas consumidoras deste elemento ou com quantidade não muito grande de plantas, o consumo não é exagerado, portanto não ocorrem faltas significativas dele. Já em aquários repletos de plantas (densamente plantados) sem adição do CO2 pode acontecer sua carência, que é denunciado primeiramente pelas plantas de metabolismo mais acelerado, que começam a perder suas folhas, e este processo pode ser mais acentuado ainda se for usado no aquário compressor de ar, porque as bolhas de ar acabam removendo ainda mais rápido o CO2 disponível. Outra função do CO2 é manter o equilíbrio de carbonatos do aquário e se faltar carbono disponível as plantas iniciam um processo de retirada do carbono dos bicarbonatos, o que acaba promovendo um aumento nos valores do pH da água, porque essa dissolução gera mais íons hidroxila.
Este fato é chamado de descalcificação biogênica e em casos bem acentuados aparece um sintoma típico que é a formação de crostas calcarias sobre a lamina foliar das plantas.
Em meus cultivos imersos em tanques onde há muita quantidade de plantas, e fica impossível manter um controle usando CO2 pelo volume enorme de água(tanques de até 100.000litros) e anti-producente retirar os excessos de plantas eu utilizo saquinhos plásticos perfurados com calcário que servem para repor os níveis de carbono e tamponar o sistema, e o mesmo pode ser feito no aquário que apresentar o problema.Um saquinho com 50 g de calcário escondidinho num cantinho resolve o problema.
Para que o CO2 caseiro utilizado não cause mais mal que prejuizos (sempre causado por excesso na produção do gás) devemos sempre ao preparar as garrafadas usar de inicio apenas 1g de fermento para cada 50 litros de água do aquário (e um aviso aos que tem pressa de ver o CO2 bombando...aqui demora um pouco....mas é seguro pois vai mudando o pH aos poucos) e devemos ir acompanhando a descida do pH....e caso depois de 10 dias o pH ainda esteja acima do que desejamos, podemos então preparar para colocar outra garrafada com 15 a 20dias depois da 1ª com talvez 2 g de fermento/50litros de água, assim ela vai aumentando a produção a medida que a anterior vai decaindo de produção..e assim progressivamente vamos tentando aos poucos ajustar a dose de fermento ao pH desejado, e trabalhando com 2 garrafadas ao mesmo tempo, é mais facil manter um nivel mais constante de variação. Quanto mais fermento se usa mais rapidamente o açucar é convertido em alcool e menos tempo dura a garrafada, sem falar que maiores também são os riscos de se "cozinhar" plantas e peixes em pH excessivamente baixo. Uma garrafada com 1 g dura até 2 a 3 meses produzindo CO2, ao passo que com 10 g dificilmente dura mais de 15 a 20 dias. Mesmo em aquários contendo peixes que pedem pH ácido, evitar manter menos que 6.6, pois essa medida fica confortável a esse tipo de peixe e ainda sobra uma margem de segurança para o caso do pH por algum motivo baixar mais que isso, sem colocar em risco todo sistema.
Não custa relembrar...a maioria das plantas dispensa o uso do CO2 para crescer, eu aconselho seu uso mais em função de se poder acidificar a água em função dos peixes, mas isto também pode ser conseguido usando maior quantidade de troncos ou outros materais organicos acidificantes.
Fonte: http://www.plantasdeaquario.com
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